O crescimento no uso de tecnologias para segurança e vigilância é um dos impulsionadores no avanço do mercado de reconhecimento facial. Com estimativa de crescimento em 18% até 2026 – segundo relatório da Global Market Insights, o reconhecimento facial tem sido utilizado por apps e empresas como recurso de segurança e pela polícia como mais um mecanismo de identificação para suspeitos e criminosos.
Acontece que, segundo dados da Rede de Observatório de Segurança, em 2019 cerca de 90,5% das pessoas detidas erroneamente por reconhecimento facial no Brasil foram negros. Formado pela união entre a Inteligência Artificial (AI) e algoritmos criados para identificar padrões, o reconhecimento facial continua sendo alvo de críticas ao evidenciar um racismo algorítmico, uma vez que é comum relatos de pessoas negras que não conseguiram acessar aplicativos de reconhecimento facial devido a sua cor, assim como na identificação falha de suspeitos.
Implementado em cerca de 20 estados brasileiros, a tecnologia associada à segurança pública já deu sinais da sua ineficácia. No Rio de Janeiro, 83% dos suspeitos reconhecidos via reconhecimento facial são inocentes. Em Londres, entre 2016 e 2018, a média de falsos positivos foi de 96%, mesmo número alcançado em Feira de Santana – município baiano, no ano de 2019.
Cada vez mais emergentes como forma de aceleração dos processos, desenvolvimento tecnológico, avanço na proteção das massas e segurança em ambientes digitais, o reconhecimento facial – se não resolvido, valida o racismo institucionalizado e ainda aumenta a insegurança do negro nas ruas.